União Europeia: o fim da tolerância?
Fora com a tolerância... Na Europa acaba de eclodir mais um escândalo estrondoso, baseado em motivos étnicos. As autoridades suecas fizeram listas de ciganos e de finlandeses que residem no país.
E embora esta discriminação étnica fosse 
reconhecida como ilegal, apesar de ter sido feita apenas no papel, a 
polícia dispõe hoje da informação completa sobre os representantes das 
minorias. Por enquanto, não está claro, que destino terão os que foram 
incluídos nestes “registros de suspeitos”.
Os principais
 estrategistas da Europa já anunciaram o fim da política de 
multiculturalismo, que pressupõe a coexistência pacífica dos 
representantes de diversas nacionalidades e religiões. Depois disso, a 
União Europeia foi abalada por uma série de escândalos nesta esfera.
Por
 exemplo, depois das desordens organizadas por ciganos no verão de 2010 
na França, o antigo presidente desse país Nicolas Sarkozy anunciou o 
fechamento de duzentos acampamentos dos ciganos e a deportação de 
imigrantes ilegais búlgaros e romenos. Os parlamentares, o clero e os 
representantes da ONU, sem falar das organizações de proteção dos 
direitos humanos, como, por exemplo, a Human Right Watch, 
pronunciaram-se contra uma medida tão severa. Mas isso não fez as 
autoridades francesas rever os seus planos, que violam o direito 
fundamental dos cidadãos da Europa, independentemente da sua 
nacionalidade, de residir livremente no território da União Europeia. 
Neste verão, os membros do parlamento britânico exortaram a criar uma 
barreira que impeça o afluxo de migrantes. Os responsáveis russos também
 falam do afluxo excessivo de estrangeiros.
Mas agora o 
sinal de alarme vem da Suécia, um país que parecia tradicionalmente um 
oásis de bem-estar. Na base de dados da polícia constam os nomes, 
números de documentos de identidade, endereços e ligações de parentesco 
dos cidadãos de nacionalidade cigana e dos finlandeses. A maioria deles 
não têm, nem pode ter, um passado criminal. Por exemplo, as crianças 
pequenas. Mas todos eles estão, sem saber disso, sob a tutela especial e
 invisível dos órgãos de proteção da ordem pública. A intolerância 
étnica sempre existiu na Europa e agora ela está novamente 
“despertando”, reputa o vice-diretor do Instituto da Europa, Mikhail 
Nosov.
“Isto sempre se vê claramente nos problemas em 
torno de ciganos e dos imigrantes. Sabe-se bem que muitos partidos 
nacionalistas têm bancadas nos parlamentos europeus e às vezes chegam a 
ocupar lá posições de liderança. Este é um dos problemas mais 
complicados com que depara agora não somente a União Europeia mas o 
mundo inteiro. E a tensão depende dos métodos a que se recorre para 
resolver estas questões. Infelizmente, não foi encontrada até hoje uma 
receita universal.”
A polícia sueca abstém-se dos 
comentários mas promete realizar um inquérito. Hanna Tume, membro do 
Partido da Esquerda da Suécia, declarou abertamente que o seu país está 
perante um caso “de autêntico racismo”. Mas a sua voz é solitária – os 
órgãos do poder e as instituições sociais, da mesma maneira que os 
órgãos de segurança, preferem guardar silêncio. Os representantes da 
Finlândia também preferem não comentar o evento. E isso não se deve 
exclusivamente ao receio tradicional de brigar com um vizinho mais 
forte. Soube-se que neste país existem listas próprias das pessoas, cuja
 língua materna é o sueco. Os russos também mereceram uma atenção 
especial e as mulheres russas chegaram a ser destacadas num grupo 
especial. As autoridades finlandesas pensam que elas podem se dedicar à 
prostituição em qualquer momento.
A crise revelou as 
piores qualidades da União Europeia, que estavam latentes desde a 
eliminação do nazismo em resultado da Segunda Guerra Mundial, ressaltou 
Alexei Kuznetsov, dirigente do Centro de Pesquisas Europeias junto do 
Instituto de Economia Internacional e de Relações Internacionais.
“É
 uma pena que, devido a pequenas desavenças do dia-a-dia, os europeus 
não achem solução melhor do que buscar inimigos externos. É difícil de 
prever o quanto esta tendência irá crescer, por agora se trata de 
algumas poucas repercussões do problema. Quanto a mim, continuo a 
encarar o problema com um certo otimismo.”
No entanto, 
as pesquisas sociológicas na Europa vaticinam com uma periodicidade 
assustadora o crescimento da preocupação dos cidadãos do continente por 
causa do excesso de estrangeiros. Uma outra causa da preocupação é que 
os estrangeiros não sabem falar a língua do país em que residem e vivem 
de acordo com as suas próprias regras, em comunidades isoladas. Os 
europeus mais céticos asseveram que aí nem se pode falar de integração.
 Aliás,
 os dados da ONU também revelam que o número de imigrantes em todo o 
mundo já ultrapassa substancialmente a casa de 200 milhões e que este 
processo não acusa tendência de diminuição. Portanto, é pouco provável 
que, nas condições de instabilidade socioeconômica, a resistência da 
população nativa da Europa ao afluxo de imigrantes diminua em breve.
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