Ciganas leem o futuro nas cartas e na palma das mãos

Tradição na cultura cigana, a leitura de cartas e das mãos é passada de mãe para filha, por meio de gerações, dentro de acampamentos, e resiste ao tempo e ao espaço.





A equipe do Globo Repórter chega à casa da cartomante Mirian Stanesco em um momento mágico: ela prepara um chá, o 'sete qualidades de ervas'. “Segredo que só posso passar para as minhas filhas", relata. As filhas, que já estão crescidas, seguem os passos da mãe, e a tradição de séculos resiste ao tempo e ao espaço.

A mesma preparação dos antepassados ciganos, da Ásia e da Europa, em Copacabana. O Globo Repórter encontrou a cigana preparando o chá de ervas que ela usa no banho. É a limpeza especial do corpo toda vez que recebe alguém para a tão esperada consulta às cartas. "Eu costumo dizer que aqui é realmente uma terapia. A pessoa tem que entrar de um jeito e sair de outro. Você tem que resgatar no mínimo a esperança do seu consulente. É possível ver o futuro e é possível até preparar esse futuro”, diz a cartomante.

Mas é possível prever o futuro? “É possível prever e preparar esse futuro”, conta Mirian Stanesco. E o passado conta a história da família radiante e visionária. A vida cigana e seus encantos:
São tantos mistérios, tantas revelações. O Globo Repórter está em um acampamento cigano em Camaçari, na Bahia. O repórter Edney Silvestre pergunta à quiromante Nativa de Oliveira como ela enxerga o futuro nas mãos de uma pessoa. "Esse dom é dado por deus. “Desde a idade de 10 anos que eu conheci, que eu passei a ter este dom", declara.

No acampamento, a leitura de cartas e de mãos é tradição da cultura cigana. Passada de mãe para filha, por meio de gerações. Lá, rapazes e moças ficam separados. "É uma tradição muito antiga, o homem decide tudo, a mulher é exímia dona de casa. É uma excelente mãe. A mulher é o esteio da casa, do lar, e o homem é o esteio da família", conta a cigana Neide de Oliveira. ".
E é à mulher que cabe levar a tradição da adivinhação. “Com certeza, da adivinhação, das cartas, a leitura de mãos, algumas têm vidências de copo d’água, bola de cristal", diz a artesã Neide de Oliveira.
Adivinhar o futuro é um desafio que corre contra o tempo, mas o que todo mundo quer mesmo saber é como será esse amanhã.
"O sol é o esclarecimento. É a luz. A revelação. A lua é o mistério. É a noite”, palavras de um guia em missão espiritual, o bancário Jairo Zelaya Leite .  O Globo Repórter está em um lugar que lembra cenário de filme. É o Vale do Amanhecer, no Planalto Central, perto de Brasília.
"O futuro para nós é uma construção. É muito relativa essa coisa de prever o futuro para nós. Porque o futuro está em construção hoje. Aqui, no Vale do Amanhecer, nós trabalhamos com o resgate do passado, de vidas passadas, de dívidas que nós deixamos para trás. Energias que nós temos que buscar para que no presente, com as nossas ações, boas ou más ações, a gente possa construir o futuro”, relata o bancário e neto de tia Neiva, que criou o lugar tão misterioso.
Tia Neiva, como era conhecida, saiu de Sergipe, em busca de respostas para as visões que tinha. De família católica, ela virou espírita e fundou um centro de peregrinações em 1959, quando Brasília começava a nascer no coração do Brasil.
A cidade, projetada para o futuro, foi imaginada numa das visões do santo italiano Dom Bosco e muitos sonhos viraram realidade no vasto campo de energias. “O trabalho do Vale do Amanhecer, hoje, também é pedir a Deus, é manipular energias para favorecer o futuro da humanidade. Todos nós viemos com roteiro na vida para cumprir. O futuro pode estar até, de certa forma, programado como nós acreditamos, mas ele pode mudar. Com a sua iniciativa, com o seu gesto, com aquilo que você executa hoje”, relata Jairo.
Mas em nossas mãos cabe o futuro? Tudo indica que sim. Religiões e seitas, culturas diferentes ficam até parecidas, quando tentam explicar o destino de cada dia. Alegria de viver o presente, sabendo ou não o futuro, foi o que o Globo Repórter descobriu durante o programa.
Para os ciganos, não existe nenhum conflito entre acreditar em adivinhações e religião. No Brasil, muitos adotaram o catolicismo, frequentam igrejas e têm até uma santa padroeira: Santa Sara. Todo mês, sempre no dia 24, os ciganos do Rio e arredores se reúnem nas proximidades da praia do Arpoador, para fazer orações e homenagear a santa.
"Eu sou uma escrava de Santa Sara. Eu casei, cinco meses depois eu não engravidava. Me ajoelhei nos pés de Santa Sara e pedi que ela me desse um filho. Eu ia fazer ela ficar conhecida onde eu fosse. No mês seguinte, eu estava grávida", revela a cartomante Mirian.
Mas a cartomante também guarda um segredo e ele só é revelado para a equipe do Globo Repórter no final da reportagem: ela é advogada.









GOSTEI MUITO DA MATÉRIA, PARABÉNS AO 

GLOBO REPÓRTER.

Comentários