Misticismo e tradição no filme ´Gato Preto´ (CIGANOS BRASILEIROS)

Filme com locações em Quixadá aborda lenda urbana e vida cigana, mas poderá ser concluído em outra cidade
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Primeiro longa de Clébio Ribeiro, "Gato Preto" narra a trajetória de um grupo de ciganos que acampa em Quixadá. História é baseada em histórias ouvidas pelo diretor na infância 
FOTO: ALEX PIMENTEL



Quixadá. Um ano após as gravações do média-metragem "O Auto da Camisinha", o produtor e roteirista Clébio Ribeiro retorna à Quixadá, sua terra natal, para produzir seu primeiro longa-metragem, "Gato Preto". A primeira fase de gravações acaba de ser concluída. A produção tem como foco principal a cultura cigana, mas traz como background manifestações espirituais de uma menina-moça.

"Gato Preto" conta uma história que se passa em 1970, quando um grupo de ciganos acampa nos arredores de Quixadá. Aos poucos os ciganos se integram à vida da cidade e, utilizando a habilidade para o comércio, fazem da feira seu ponto de encontro. Mas após conflitos com os comerciantes, os ciganos são expulsos.

Anos depois, a jovem Mariana passa a ser tomada por uma força indômita que a faz, surpreendentemente, subir a parte mais íngreme da Pedro do Cruzeiro, ponto turístico da cidade. Um romance proibido poderá ser a resposta do mistério que envolve a jovem moça.

Inspiração
Quando era pequeno, o produtor ouvia com frequência a história da menina que andava pelas ruas de Quixadá, que serviu de inspiração para seu roteiro. Quanto aos ciganos, sempre os via na cidade. Era década de 70, quando tinha cerca sete anos.

"Aquelas cenas ficaram na minha memória. Resolvi transformá-las em imagens".
Na opinião dele, os ciganos ainda são vítimas de preconceitos e de discriminação, por serem minoria. "O filme vai reconhecer a importância desses grupos na nossa formação cultural", acrescenta.

Como na sua última produção, Clébio Ribeiro volta a apostar em grandes nomes no elenco de sua trama cinematográfica. Além dos atores globais Jackson Antunes e Alexandre Mandarino, a poetisa, atriz e produtora cultural Aurora Duarte volta à tela após cinco décadas. Ela estrelou e produziu o clássico "A morte comanda o cangaço", considerado por muitos críticos uma obra-prima do cinema nacional. Quem também deverá integrar o elenco é o cantor Ney Matogrosso. Eles devem participar da segunda fase das gravações, previstas para março.

Mudança de locação
Embora o enredo esteja relacionado à infância do produtor, nos arredores da Pedra do Cruzeiro, uma das atrações turísticas de Quixadá, ele está avaliando outro local para as locações seguintes. As obras de saneamento da sua cidade ainda não foram concluídas. Ruas e avenidas estão muito esburacadas. O panorama não é nada agradável. Bem diferente da época da sua mocidade, que, segundo ele, era uma cidade bela e limpa. Ele externou publicamente sua frustração na entrega da Medalha Rachel de Queiroz a Aurora Duarte.

"A próxima etapa das nossas gravações só irá ocorrer em Quixadá se a malha viária passar por reforma, caso contrario o cenário será Quixeramobim", afirmou o produtor. Ele justifica sua preocupação: a segunda parte do filme se desenrola na área comercial da "Terra dos Monólitos. "Mostrá-la esburacada e suja, é melhor ir para outro lugar", completou.

O ator global Alexandre Mandarino também fez críticas à situação da cidade. Nos bastidores, comparou o cenário como ideal para a realização de filmes de guerra. Parece ter sido bombardeada. Tem buraco para todos os lados. Lamentou a falta de cuidado urbanístico. Ele tem viajado por todo o País e ressaltou serem poucas as cidades onde existem tantas belezas naturais como em Quixadá. "No Rio de Janeiro a gente sabe onde fica Quixadá, por seu cenário encantador".

Por ironia, quando Clébio Ribeiro acena para a possibilidade de conclusão das gravações de "Gato Preto" na cidade vizinha, caso a Prefeitura de Quixadá não restaure suas ruas e avenidas até março, a ordem de serviço para as obras de saneamento básico de Quixeramobim é assinada. Os serviços preliminares foram iniciados, mas o prefeito Edmilson Júnior assegura a realização das obras de forma organizada. "Não haverá buraqueira na minha cidade", completou.

O prefeito de Quixadá, Rômulo Carneiro, reconhece os transtornos causados pelas obras. Ele não imaginava tanta demora. O serviço só deve ser concluído no fim de fevereiro próximo. Segundo o chefe do executivo municipal, já estão sendo captados recursos para a recuperação das ruas e avenidas. Dependendo dele a "Terra dos monólitos" voltará a ser a mais bela cidade do Interior do Ceará, digna se ser cenário das grandes produções cinematográficas, inclusive "hollywoodianas".

Equipe de produção
200 figurantes e 70 técnicos estão envolvidos nas filmagens de "Gato Preto", que também conta com atores de renome como Jackson Antunes, Alexandre Mandarino e Aurora Duarte





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