Nada mais justo para com o Estado que deu valor para a cultura trazida pelos escravos, elevou mães-de-santo à popularidade e transformou a lavagem da Igreja do Bonfim numa expressiva representatividade do sincretismo religioso.
Mas os cultos afro-brasileiros cresceram tanto que não ficaram restritos ao povo baiano, e estão presentes no Brasil de Norte a Sul. Eles são o resultado da mistura das tradições religiosas dos povos africanos, trazidos como escravos para o país, com elementos do catolicismo e dos indígenas. No período da colonização brasileira, mais de quatro milhões de africanos cruzaram o Atlântico. Provenientes de diferentes regiões da África, foram separados por nações e agrupados em senzalas, para evitar rebeliões.
Isso resultou numa mistura de costumes, pois cada povo possuía suas próprias danças, cantos, santos e festas. Proibidos de praticar a sua religião, os africanos associavam seus rituais e divindades aos da igreja católica para "mascarar" seus cultos, produzindo um forte sincretismo religioso. As práticas daquela época acabaram impulsionando a formação de religiões cultuadas hoje em dia, como o Candomblé e a Umbanda, com forte penetração na Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul.
Cada uma delas cultua os seus orixás, deuses africanos que correspondem a pontos de força da natureza. Os deuses no Candomblé estão divididos em quatro elementos - água, terra, fogo e ar. Alguns estudiosos afirmam que seria mais de 400 o número de orixás básicos, porém os mais conhecidos entre nós formam um grupo de 16 deuses. Para cada um deles, há um ou mais santos católicos correspondentes.
Porém, a associação depende da região do país, variando de acordo com a popularidade do santo no local, e também não é exata. Ao contrário dos santos católicos, os orixás são entidades com virtudes e defeitos e seus seguidores acreditam que eles conhecem o destino de cada um dos mortais.
Já a Umbanda, que é a soma de elementos do candomblé, do espiritismo e do catolicismo, também venera os orixás, mas representam essas divindades com imagens diferentes, além de cultuarem outros espíritos, como o preto-velho, o caboclo, o cigano e a pomba-gira. Nenhum deles aparece no candomblé. A Umbanda, apesar das suas raízes difusas, teria sido popularizada a partir do início do século 20, no Rio de Janeiro.
O batuque gaúcho
As oferendas os orixás também variam conforme a região. No Sul, o acarajé cede lugar ao churrasco. Em vez da túnica, o pai-de-santo usa as bombachas brancas. Justificam seu uso pelo frio no inverno.
Na Bahia, uma das razões que podem explicar o número baixo de seguidores é justamente o sincretismo religioso. No Estado onde até a mais famosa ialorixá Mãe Menininha do Gantois, quando era viva se declarava católica ("Bom, eu sou o que todos são: católica. Eu tenho separada a religião do candomblé"), é comum católicos em terreiros e seguidores do candomblé em igrejas. Além disso, em Salvador, muitos freqüentam os cultos com olhos de turistas.
Além dos espíritos vindos da África, há que ressaltar aqueles nascidos por aqui, produzidos talvez pelos medos dos fiéis católicos em cair no mundo negro e pecaminoso, como a Mula Sem Cabeça e o Esqueleto, entre outros. Enfim, o Brasil era como um purgatório, terra de degredo das bruxas e de outros pecadores europeus, que vinham pagar seus pecados sob o sol impiedoso, que fazia corar as senhoras e suar os padres, envoltos por seus quentes e pesados hábitos.
Apesar das adversidades, do confinamento inicial à população de escravos, da proibição da igreja católica e da criminalização por alguns governos, o candomblé prosperou nos quatro séculos e se expandiu desde o fim da escravatura, em 1888, e até atingiu um grau de profissionalização.
Em outubro de 2000, o Ministério da Previdência Social aprovou um parecer que determina o direito de aposentadoria aos sacerdotes e sacerdotisas das religiões de matriz africana em todo o país.
Cada um no seu terreiro
Os cultos às divindades são realizados nos chamados terreiros e dirigidos por um Pai-de-Santo (Babalorixá) ou Mãe-de-Santo (Ialorixá).
Os cultos às divindades são realizados nos chamados terreiros e dirigidos por um Pai-de-Santo (Babalorixá) ou Mãe-de-Santo (Ialorixá).
Alguns rituais com oferendas de animais sacrificados aos orixás são restritos aos iniciados. Nos cultos abertos são feitas oferendas e consultas aos orixás por intermédio dos búzios jogados pelo Pai ou pela Mãe-de-Santo. O culto é marcado pelos diferentes ritmos dos atabaques e se diferenciam de acordo com o orixá cultuado.
O Candomblé não deve ser confundido com a Umbanda e a Quimbanda, seita religiosa de origem africana que, no Brasil, tomou o significado de magia negra em oposição à Umbanda, que representa as forças da magia branca. Na estrutura interna, as duas são muito parecidas, sendo que a quimbanda conservou o aspecto mais original da religião africana e voltou-se mais para os mitos de terror dos folclores pagão e ameríndio.
Enfim, são consideradas religiões afro-brasileiras todas as que tiveram origem nas religiões tradicionais africanas, trazidas pelos escravos ou que absorveram ou adotaram costumes e rituais africanos. As afro-brasileiras são uma parte das religiões afro-americanas e diferentes das religiões afro-cubanas, como a Santeria de Cuba, e do Vodou, do Haiti.
NOTA DO BLOG;
AS VARIAÇÕES EXISTEM, POR MOTIVO DE DIFERENÇA
DE REGIÃO.
NO NOSSO CASO AQUI, NO RIO GRANDE DO SUL,
OFERENDAMOS CHURRASCO PARA A ENTIDADE
OGUM, POIS, É UM "ALIMENTO" DE NOSSA CULTURA,
ASSIM COMO O ACARAJÉ ,É UM "ALIMENTO" NA
CULTURA NA BAHIA.
PARA OS MAIS ORTODOXOS, ESSE DIFERENÇA DE
RITOS NÃO PODE OCORRER, PORÉM, NO MEU PONTO
DE VISTA, ISSO É O BOM DA UMBANDA, A VARIAÇÃO,
O UNIVERSALISMO, CADA LOCAL TEM SEU RITO
PRÓPRIO,PORÉM, SOB O MESMO TETO CHAMADO.
UMBANDA.
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