Casamento reforça tradições ciganas (CIGANOS NO RIO GRANDE DO SUL)

Cerca de 90 famílias ciganas estão reunidas, na sede campestre dos irmãos Cesarino, desde a última quinta-feira, para a celebração do casamento que une as famílias Nicolau e Rista.

O noivo, Leonardo Jorge Rista, é de Pelotas e a noiva, Tatiane Bertonceli Nicolau, é de Bagé. De acordo com o ritual cigano, a festa de casamento dura três dias, explicou o avô da noiva, Oscar Nicolau. Entre familiares e amigos, aproximadamente 600 convidados desfrutam da gastronomia, da hospitalidade e da alegria dos ciganos, que é um povo muito cordial. Eles se preocupam em manter suas tradições, em especial, em festas como casamentos, em que participam convidados de vários lugares. Neste, em particular, vieram de diversos estados brasileiros como São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro além dos do Rio Grande do Sul. Do exterior veio gente da Argentina, Uruguai e Venezuela. Oscar Nicolau revelou que, no primeiro dia de festa acontece o noivado. No segundo dia ocorre o casamento e, no terceiro, a festança é por conta do pai da noiva e serve como despedida. Nos dois primeiros dias a festa é custeada pelo pai do noivo. Toda a hospedagem foi feita no modo tradicional. Convidados, familiares e padrinhos se acomodaram nas barracas ao redor do ginásio onde ocorreu a festa. As comidas, na sua maioria são muito temperadas e apimentadas. O pão cigano (pogacha) é servido entre diversas iguarias, como o sarmi (arroz com carne de porco enrolado em folhas de repolho). Não faltaram também os saborosos e conhecidos churrascos de ovelha e gado. Como a festa era grande, as quantidades eram assombrosas. O bolo pesava 70 quilos; de refrigerantes variados e água mineral, para quem não podia tomar bebidas alcoólicas, veio um caminhão. Para quem gosta e pode beber, havia três mil litros de chope, além de outras bebidas. Muitas frutas, tanto nas mesas como nos pratos elaborados pela família. Leitões e frangos assados no forno eram oferecidos com fartura e generosidade. Para simbolizar a alegria das famílias, a tradição cigana orienta que a decoração das mesas seja feita de acordo com a cultura. Para isso, eram trocadas duas vezes ao dia, pelas mãos de profissionais contratados. A cada um que dava presentes aos noivos, eram dados um lenço vermelho e outro verde (simbolizando gratidão), que os convidados colocavam em torno do pescoço. Para alegrar os que lá estavam foram contratadas duas bandas uruguaias que executavam músicas ciganas, cumbias e música popular brasileira. Após a cerimônia religiosa (as famílias são católicas), que aconteceu na Igreja Nossa Senhora Auxiliadora, os noivos acompanhavam as danças dos convidados desde uma tenda especial onde ficavam em destaque recebendo as saudações. Oscar Nicolau, que recebeu a reportagem junto com sua esposa e seu cunhado, José Bento, disse que a vida em barracas já não faz parte do cotidiano dos ciganos. “Só para viagens ou festas como essa”. A maioria vive em residências convencionais. “Eu mesmo moro em Bagé há 25 anos”, completou. Para um gadjo (não cigano), não é fácil compreender o que é falado. Eles conversam num idioma onde o Romani, o Montenegrino e o Iugoslavo se misturam fortemente. Com a hospitalidade e a simpatia que os caracteriza, receberam a equipe do JM na sua festa. Para as despedidas, um ensinamento do idioma: “aschdeulessa”, que significa despedida com felicidades. A resposta esperada pode ser: ‘ja sastimassa”, que se entende como: volte em paz e com saúde.
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