Expulsão de ciganos é assunto principal de encontro da UE

Já na abertura, Comissão Europeia tenta reduzir a polêmica sobre o tema



Sarkozy discute com o presidente romeno Traian Basescu antes do início da conferência (John Thys/AFP)



Durante a abertura de um encontro semestral de líderes da União Europeia em Bruxelas, o tema principal foi a polêmica expulsão de ciganos da França, embora inicialmente não fizesse parte da programação do evento. O assunto gerou repercussão internacional, principalmente após divulgadas declarações da comissária de Justiça do bloco, Viviane Reding, que comparou a política do país às perseguições nazistas na II Guerra Mundial.

Como resposta, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, foi irônico ao sugerir que Reding recebesse, então, esses ciganos em seu próprio país, Luxemburgo. Suas declarações foram divulgadas por senadores, após um almoço entre o presidente e os parlamentares, mas o próprio Sarkozy ainda não comentou o assunto em público.

A troca de acusações inédita entre o executivo comunitário e um estado membro ameaça o resultado da reunião. Assim, durante a abertura, representantes da Comissão Europeia tentaram reduzir a polêmica. "Todo mundo concorda que a Comissão deve vigiar para que a França aplique corretamente a legislação comunitária, garanta a liberdade de circulação de todos os cidadãos europeus", afirmou o primeiro-ministro belga, Yves Leterme. "Mas os cidadãos europeus devem respeitar o direito de propriedade, e as leis que regulamentam a livre circulação", completou.

Repercussão - Após a disputa entre Reding e Sarkozy, o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, saiu em defesa do presidente, e a chanceler alemã, Ângela Merkel, criticou nesta quinta os comentários da comissária. As declarações de Reding também foram classificadas como "inaceitáveis" pelo ministro de Relações Exteriores da França, Bernard Kouchner.

Pressionada pelas críticas, a comissária europeia de Justiça, Viviane Reding, explicou na quarta-feira que não teve a intenção de comparar as repatriações com as deportações da II Guerra Mundial. Na terça-feira ela fez um discurso polêmico no qual ameaçou abrir um procedimento contra a França.

Os ciganos expulsos pela França são procedentes da Romênia e da Bulgária, membros da UE desde 2007. Mais de 1.000 deles foram expulsos desde julho como resultado do endurecimento da política de segurança do presidente Sarkozy. O governo francês alega que a repatriação de mais de 8.300 ciganos desde janeiro está de acordo com o direito comunitário, uma afirmação que não é aceita por todos em Bruxelas.

Além da França, outros países se encontram em situação desconfortável com os estrangeiros em seu território.





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