Ciganos: Ana Gomes critica ordens «insuportáveis» no PS

Eurodeputada não compreende «descoordenação» nos votos feitos no Parlamento Europeu e na Assembleia da República.



Ana GomesA eurodeputada Ana Gomes não gostou de ter visto a bancada do Partido Socialista rejeitar na Assembleia da República o voto de condenação à França no caso dos ciganos. Houve divisão entre os parlamentares socialistas, mas a verdade é que a proposta do Bloco de Esquerda não passou.

Num artigo publicado no blog «Causa Nossa» link externo, que partilha com Vital Moreira, Ana Gomes deixou bem clara a sua posição sobre certas «ordens superiores» que só serviram para dividir a bancada. Fala mesmo numa situação «insuportável».

«Vergonha e amargura - é o que expresso agora, depois de ter falado com deputados socialistas na AR para apurar o que se passou: «ordens de cima!» E só um socialista - Sérgio Sousa Pinto, a quem presto homenagem - teve a coragem de votar de acordo com a sua consciência, além de mais 14 que encontraram formas menos afirmativas de se dissociar de tão indecorosas instruções», frisou, criticando as instâncias governamentais «tacanhas».

«Ordens insuportáveis, por serem politicamente indefensáveis («o Sarko é amigo»...); por contradizerem o património histórico e político do PS, quer quanto ao respeito pelos direitos humanos em geral, quer quanto ao empenhamento dos seus governos - incluindo este - na inclusão da comunidade cigana em Portugal; e, finalmente, por serem ofensivas do que deve corresponder à consciência política de um/uma socialista», frisou, dizendo que, se lhe pedirem para votar nesse sentido, vai afirmar a sua vontade: «Diante de tais ordens, eu desobedeço».

Certo é que Ana Gomes já votou no sentido contrário em sede do Parlamento Europeu. Aliás, como todos os eurodeputados socialistas, que disseram sim à resolução que ¿expressava profunda preocupação pelas medidas tomadas pelas autoridades francesas e de outros Estados Membros tendo por alvo os ciganos».

Ou seja, o voto contrário no Parlamento português revela, igualmente, «descoordenação entre o que o PS faz na AR e no PE, ainda por cima num assunto de excepcional sensibilidade política (ao ponto de, finalmente, levar Durão Barroso a engrossar a voz face ao seu correlegionário de direita Sarkozy no último Conselho Europeu).»

Segundo o «Diário de Notícias», o líder da bancada do PS, Francisco Assis, já reagiu a este texto, escrevendo a Ana Gomes. «Não é verdade que os deputados do PS tenham votado de acordo com orientações vindas de cima», vincou, deixando a questão: «Quem lhe atribui o poder de determinar quem age segundo a sua consciência ou aviltando repelentemente a mesma?»


(LEÍA NA ÍNTEGRA , DIRETO DA FONTE TVI 24 HS)



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