Quando eu morrer - Mário Quintana

"Quando eu morrer e no frescor de lua 
Da casa nova me quedar a sós, 
Deixai-me em paz na minha quieta rua... 
Nada mais quero com nenhum de vós!  
Quero é ficar com alguns poemas tortos 
Que andei tentando endireitar em vão... 
Que linda a Eternidade, amigos mortos, 
Para as torturas lentas da Expressão!...  
Eu levarei comigo as madrugadas, 
Pôr-de sóis, algum luar, asas em bando, 
Mais o rir das primeiras namoradas...  
E um dia a morte há de fitar com espanto 
Os fios de vida que eu urdi, cantando, 
Na orla negra do seu negro manto...


Comentários