A ÁGUIA E O RATO


Havia numa grande floresta do norte uma cadeia de montanhas que se destacava por seus cumes cobertos de neve. Lá, muitas aves, principalmente águias, faziam ninhos e de lá desciam para caçar. Um águia que lá vivia era cega de um olho e tinha dificuldade em conseguir alimento. Muitas vezes, triste e solitária, voava além dos cumes procurando esquecer a fome junto às nuvens frias. Não foram poucas as vezes que as presas que havia capturado lhe eram roubadas das garras por um pássaro menor, porém mais ágil por ter as duas visões. Tudo isso mudou quando a águia, muito faminta, capturou um pequeno rato. Mas não era um rato qualquer. Era um rato sábio. Com uma conversa lógica, ele explicou que era pequeno demais para saciar o enorme apetite da águia, e prometeu ajudá-la se o poupasse. Desconfiadamente, a águia aceitou. Antes, porém, amarrou a perna do rato numa corrente e ligou esta a uma de suas garras. O rato passou a acompanhar a águia montado nas suas costas. Com sua sabedoria, indicava e ensinava as estratégias de fuga das presas e como a águia usando a inteligência podia encontrá-los. Assim a águia passou a ter sempre alimento abundante e aprendeu mais do que as outras águias como os animais lá embaixo fugiam e armavam seus esconderijos. Um dia, disse ela ao rato: - Você não me é mais necessário, vou devorá-lo! Assustado, o rato disse: - E a gratidão por tudo que lhe ensinei. Não vale nada? - O que eu vou fazer com a gratidão? O rato pensou e disse: - Ela lhe tornará mais nobre que as outras águias, da mesma forma que com meus conhecimentos lhe tornei a mais esperta de todas. A águia pensou e concordou. - Depois disso, serei melhor que as outras que antes me roubavam o alimento aproveitando-se de minha deficiência? - Certamente será uma águia esperta, com gratidão, e por isso nobre. Disse o rato. Assim, ela libertou o rato que com sua sabedoria conseguiu salvar-se e ajudar uma ave que pela pouca visão, certamente, ia morrer. (De nada vale a sabedoria e esperteza se não houver gratidão e nobreza.

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