ÍNDIO CHARRUA

O Índio Charrua

Os Índios Charruas ocupavam as duas margens do Rio Uruguai desde Itapeiu até o delta, mas já em época histórica estenderam seus domínios até as costas do Paraná e ocuparam a parte sul do Rio Grande do Sul.
Em 1730, os Charruas se aliaram aos Minuanos que vinham de além do Rio Uruguai e se estabeceram nas terras próximas das Lagoas Mirim e dos Patos. Os Guenoas ou Guanoas, que eram os Charruas setentrionais, viviam errantes nas terras ao oriente do Rio Uruguai no ângulo Sudoeste do Estado do Rio Grande do Sul estendendo-se até o mar.
Os Charruas eram altos, com média de 1,68 mts. para os homens e 1,67 mts. para as mulheres, de porte sério, aspecto duro e feroz. Eram tristes e taciturnos. Os homens levavam uma barba como distintivo varonil e os caciques usavam, engastados nela, vidros, pedras e pedaços de lata.
A tatuagem do rosto consistia em três linhas azuis que iam da raiz dos cabelos até a ponta do nariz e duas linhas transversais que iam de zigoma a zigoma. Para a guerra e festas, pintavam a mandíbula inferior de branco.
Cobriam o corpo com uma camisa curta sem mangas, de peles curtidas. No inverno, o pêlo era aplicado para o lado de dentro e no verão, ao contrário. As mulheres, além disso, usavam uma saia de algodão até os joelhos.
Guerreiro Charruas

Como armas, usavam o arco, flecha com carcases, boleadeiras, funda e lança. As flechas eram preferivelmente de ponta de pedra que lascavam com muita habilidade.
Depois do contato com os espanhóis a habitação sofreu a influência da cultura do gado e do cavalo. As tendas constavam primitivamente de quatro estacas e esteiras de palha colocadas de maneira a servirem de parede e teto. As esteiras foram então substituídas por largos pedaços de couro. A alimentação, que consistia de caça e frutos, também sofreu modificações. Os Charruas passaram a preferir, entre outras a carne do cavalo. Não eram agricultores.
Não sabiam fiar nem tecer. Os panos de algodão de sua vestimenta eram obtidos por comércio com os Guaranis.
Carne de CavaloOs Charruas eram polígamos. Afirmam os historiadores que às mulheres cabia todo o trabalho doméstico, desde o transporte dos toldos, o cuidado com os cavalos até a preparação dos alimentos.
O homem Charrua se dedicava à guerra e a caça. Para assuntos de guerra ou de interesse, convocavam o conselho de famílias. Para comunicação desta ocorrência, usavam a fumaça ou a claridade de grandes fogueiras. Como troféu de guerra conservavam a pele do crâneo de seus inimigos e marcavam no próprio corpo, com cutiladas, o número destes, abatidos.
Temos poucas informações sobre suas idéias religiosas. Durante fartas libações, invocavam um ser superior que algumas vezes poderia se tornar visível. Parece que acreditavam na imortalidade da alma. Aos médicos-feiticeiros atribuíam o poder de fazer chover, provocar tormentas, desatar a fúria das feras e fazer transbordar riachos e rios. Ao lado dos médicos-feiticeiros, também havia as velhas que curavam, chupando a pele nos lugares doloridos.Guerreiro Charruas

O funeral entre os Charruas era entregue a uma velha que se encarregava de sepultar e, no tempo adequado, descarnar os ossos que levavam na sua vida errante. Além do sacrifício de uma falange em honra ao defunto, as mulheres de parentesco mais próximo enterravam em si mesmas flechas e lanças que tinham pertencido ao morto.
Os autores antigos afirmam que não tiveram instrumentos de música.


Fonte: Enciclopédia Rio Grandense / Volume: O Rio Grande Antigo

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