SOBRE A TRAIÇÃO E SUA FISIOLOGIA

O amor e o ódio representam o familiar par antagônico. Não é difícil entender esse antagonismo se pensarmos que o ódio é o amor congelado, isto é, amor que se tornou frio.

Não é quando alguém ficou desapontado que o amor se transforma em ódio. Como o amor é baseado na antecipação do prazer, ele desaparece lentamente na ausência do prazer.

O pretendente rejeitado sente-se magoado, mas não com ódio. O ódio é causado pela sensação de traição.
Se alguém se vinculou amorosamente a outra pessoa que o aceitou, seu coração está totalmente aberto, sua confiança é depositada no outro. A traição dessa confiança é como uma facada no coração, causa um choque na personalidade que imobiliza os movimentos e aprisiona os sentimentos...

É sempre o sentimento de traição que transforma a afeição em hostilidade. A traição na amizade transforma os sentimentos positivos em inimizade. A traição da confiança transforma o afeto em hostilidade...

Os sentimentos afetuosos unem as pessoas num verdadeiro espírito de comunidade. Assim o bem-estar de uma pessoa passa a constituir preocupação com outra. O amor, particularmente, envolve cuidados e dependência mútuos.

O apaixonado coloca a pessoa amada em seu coração ao mesmo tempo em que dá seu coração a ela. É fácil verificar por que a traição produz efeitos tão graves...

O ódio contém a possibilidade do amor. Se, por exemplo, a traição é perdoada, a pessoa se descongela e o amor flui novamente...

São conhecidas as situações em que uma reação inicial de ódio se transforma espontaneamente em amor. Essa transformação pode ser explicada admitindo-se que sempre tenha existido uma forte atração que não foi manifestada por medo de ser traída.

Esse medo pode ser expresso da seguinte maneira: “se me deixo apaixonar por você, você poderá se virar contra mim e me machucar, então eu o odeio.”

À medida que o medo diminui com os contatos freqüentes, o amor irá florescendo.”


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