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O xamanismo é uma técnica arcaica - começou na Europa por volta de 30 a 20 mil anos atrás - que tem como ideal usar todas as forças da natureza em benefício das pessoas. O registro da sua origem só foi possível graças às pinturas em cavernas encontradas na França e na Espanha. Os desenhos rupestres representam animais, como cervos, bisões e cavalos, simbolizando o pedido de proteção para a caça, ou seja, um pacto com o espírito destes animais.
A palavra xamã origina-se de saman (siberiano) e significa "inspirado pelos espíritos". Em tupi, o equivalente é pajé. O xamã pode ser homem ou mulher e é conhecido como um contador de mitos e histórias que são transmitidos através dos seus antepassados. Também é visto como uma figura tribal que exerce várias atividades: sacerdote, curandeiro, conhecedor de plantas (para a obtenção de cura para todos os males), músico e poeta.
O xamã é a ponte (para os espíritas, seria uma espécie de médium) entre o mundo divino e o mundo terreno. Ao entrar em transe por meio de rituais, músicas rítmicas e substâncias alucinógenas, seu espírito consegue "voar" a outros mundos, com a assistência de um guardião, para encontrar-se com diferentes espíritos, que podem ser bons (alguns celestiais que encorajam o xamã) ou maus (que devem ser combatidos e habitariam o mundo subterrâneo). Considerados como os protetores da Natureza, os xamãs respeitam os espíritos do mundo animal e vegetal.
Um fato que intriga os pesquisadores é que a pratica xamânica é idêntica entre os povos da Sibéria, Amazônia e Austrália. Em todos esses lugares, ocorre o transe e o xamã faz o "vôo mágico", desprendendo seu corpo espiritual para viajar a outros planos. Também é similar a associação com espíritos, sejam eles ancestrais ou animais selvagens.
Léo Artese, um dos mais renomados xamãs do Brasil, explica que o mais importante é fazer com que cada pessoa descubra seu poder pessoal. O distanciamento da natureza, a ausência de rituais e de ritos de passagem, entre outras coisas, provocam angústia às pessoas mais sensíveis.
O xamanismo é emocional, pois permite ao espírito humano harmonizar-se com o Criador. Ele pode ser dividido em duas escolas; o tradicional (segue as tradições nativas) e o neo-xamanismo (que adapta a essência com práticas terapêuticas, utilizando linhas diversas em uma realidade urbana).
Artese criou no Brasil o conceito do xamanismo universal, que une o xamanismo tradicional com o neo-xamanismo num só movimento para uma "nova consciência", fazendo conexões entre os conhecimentos esotéricos do Oriente e do Ocidente, sem cair na xenofobia dos povos do passado e nem na banalização típica de muitos movimentos new age.
Veja a seguir, as características dos grupos xamânicos:
Norte-americano: sua pratica é chamada de inipi, onde a busca da visão ocorre através de uma espécie de sauna (tenda do suor), além da prática do jejum e do isolamento. Os animais do poder são o coiote e a águia. A planta do poder é o peiote (botão de cacto). São utilizados tambores para o transe.
Sul-americano: a prática consiste no conhecimento das plantas com fins curativos. A mais utilizada é o cipó e um arbusto, derivando a ayahuasca, ou "vinho dos espíritos", considerada como "a grande professora". Os animais do poder são a jibóia e a onça. O transe ocorre através do uso da "maraca", chocalho de cabeça.
Austrália: os aborígenes acreditam que a outra dimensão é chamada de "templo dos sonhos" e que, através do transe, podem encontrar a grande serpente arco-íris, que simboliza a vida e a fertilidade. O xamã está ligado às cavernas, locais onde pode entrar em contato com as forças subterrâneas.
Sibéria: daqui deriva a palavra xamã e o animal cultuado é a rena. O couro desse animal é usado como vestimenta protetora contra os maus espíritos. Também usam o couro para confeccionar o tambor. Assim, a alma do animal sobrevive e conduz o xamã para a outra dimensão. Utilizam um cogumelo alucinógeno.
Região Ártica: os esquimós usam máscaras para representar seu poder e assim transportá-lo para outro mundo. Também invocam o espírito dos animais que serão mais caçados, como ursos ou baleias. Além de servir como alimentação, os xamãs usam os animais para negociar
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