ASSENTAMENTO DO BARÁ NO MERCADO PÚBLICO DE PORTO ALEGRE

VISTA INTERNA DO MERCADO PÚBLICO , AO CENTRO O ASSENTAMENTO.
RITUAL AFRICANISTA DENTRO DO MERCADO PÚBLICO


VISTA EXTERNA DO EMRCADO PÚBLICO


PRATICANTES DO CULTO DIRIGINDO-SE AO MERCADO (PASSEIO DO PRISIONEIRO)


Assentamento do Bará no Mercado Público de Porto Alegre
Sempre ouvi dizer que no centro do Mercado Público de Porto Alegre havia o "Assentamento do Bará", por esta razão o Mercado é considerado como uma referência religiosa para os praticantes de cultos de raíz africana da cidade de Porto Alegre.
Custódio José de Almeida, líder espiritual e conselheiro de políticos gaúchos como Julio de Castilhos e Borges de Medeiros. Vindo de Benin, o chamado "Príncipe Negro" traçou uma história cheia de mistérios.
Em1897 Benin foi invadido por ingleses o que forçou nobres da região a procurarem refúgio em outras regiões da África. São João Batista de Ajudá, um porto não muito distante do reino de Benin, foi o local escolhido pelo príncipe negro, acompanhado por oficiais ingleses e por parte do seu conselho de chefes, dali foi embarcado para o Brasil.
Osuanlele Okizi Erupê (seu nome tribal) foi opositor britânico e fez um acordo para deixar o país e vivendo no exterior se tornou "pensionista" do governo inglês.
Em 2 de setembro de 1898, o príncipe Custódio chegou na Bahia, teve uma breve passagem no Rio de Janeiro. Custódio é orientado pelos Orixás a seguir para o sul do Brasil, chegando a Rio Grande em 1899, e por prováveis perseguições que tinham sido enviadas de seus inimigos na África ele vai para a cidade de Pelotas em 1900, onde conheceu o político Julio de Castilhos, que o procurou como último recurso para tratar um câncer de sua garganta.
Seguindo orientação dos Orixás, o príncipe vai para Bagé, e acaba fortalecendo toda questão da religião africana, que já existia de modo bastante frágil aqui sul.
Com poder de mobilização dentro da comunidade, sua fama de curandeiro já percorria o país, e Julio de Castilhos convidou o príncipe para vir morar em Porto Alegre. Com a aprovação dos Orixás, Custódio Joaquim de Almeida fixa residência com sua corte na rua Lopo Gonçalves, 498 onde recebia várias personalidades, tanto do Rio de Janeiro, da África, como os políticos locais.
A presença de Custódio em Porto Alegre e o seu relacionamento com grandes políticos contribuiu muito para que não houvesse perseguições às casa de religião.
O poder da religião africana praticada por Custódio encantava a alta sociedade da época e trazia a sua casa gente simples e visitas ilustres; os necessitados o procuravam com os mais diversos fins; as mulheres ele encaminhava para fazer trabalhos domésticos, e os enfermos ficavam até serem curados das doenças e debilidades.
Muito elegante circulava pela cidade em uma carruagem, puxado por parelha de cavalos branco e preto; era proprietário de um haras, onde cuidava de seus cavalos e de vários outros políticos importantes.

O Mercado Público de Porto Alegre era muito movimentado, e para resguardo, príncipe Custódio fez o assentamento de um Bará, que é o guardião das casas, cidades e das pessoas; na África também é comum o assentamento do Bará nos mercados. Mais de um século após a chegada do príncipe negro em Porto Alegre, aqueles que praticam a religião africana, após rituais religiosos, seguem em direção ao mercado público, para cumprimentar, agradecer e homenagear o Bará que lá foi assentado por Custódio Joaquim de Almeida.
O príncipe Custódio morreu em maio de 1935, aos 104 anos, na casa em que sempre morou na rua Lopo Gonçalves em Porto Alegre.
Essa casa existe até hoje e passo todos dias em frente dela, pois meu trabalho é bem próximo a ela.

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