CONFRARIA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO (AFRICANISMO GAÚCHO) UMBANDA GAÚCHA


O discurso abolicionista das elites gaúchas silenciou acerca da participação de africanos e afrodescendentes no movimento. Houve ocultamento da presença das sociedades negras no processo abolicionista de Porto Alegre.
A CONFRARIA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO, fundada em 1786 e constituída na sua maioria por negros livres e escravos, participou da campanha pela libertação e doou cartas de alforria nas missas que celebrava na Igreja do Rosário. A SOCIEDADE BENEFICENTE CULTURAL FLORESTA AURORA, fundada em 1872 e uma das mais importantes sociedades negras de Porto Alegre, ainda em funcionamento, participou da campanha pela liberdade e sua banda musical apresentava-se nas reuniões públicas dos abolicionistas. A SOCIEDADE EMANCIPADORA ESPERANÇA E CARIDADE, fundada em 1883 e composta exclusivamente por escravos, alforriou 54 cativos até fevereiro de 1884. Esta sociedade tinha como única finalidade “promover a libertação de seus sócios escravos”.
O discurso abolicionista da elite regional minimizou as emancipações condicionais e sequer mencionou as alforrias pagas, permanecendo a ideia de que as alforrias foram atos caridosos dos generosos senhores de escravos. Pesquisas recentes apontam para um grande número de alforrias condicionais à prestação de serviços e um número ainda maior de alforrias compradas pelos próprios escravos. Neste sentido, a narrativa dominante sobre a abolição em Porto Alegre não passa de “uma invenção branca da liberdade negra”, produto do imaginário social das elites brancas e que não apresenta uma visão mais complexa do papel dos negros no processo de emancipação da escravidão. (Maria Angélica Zubarán/A invenção branca da liberdade negra: memória social da abolição em Porto Alegre)

Foto: Lunara – Negros libertos, década 1890/1900 (acervo do Museu Joaquim José Felizardo)

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