Projeto de Lei pode oficializar Sacerdotes como teólogos




Sacerdotes das religiões de origem africana e indígena podem se tornar Teólogos. O tema foi discutido nesta sexta-feira, 18 de fevereiro, no auditório do Sindicato dos Previdenciários do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, reunindo mais de 50 religiosos e interessados no assunto. A atividade foi promovida pelo EGBÉ ÒRUN ÀIYÉ e a Associação Nacional de Teólogos e Teólogas da Religião Matriz Africana (ATRAI), com apoio do AFRICANAMENTE e da Comunidade Terreira Ilê Axé Yemonjá Omi Olodo.


Conforme explica um dos organizadores do evento, o professor e Babalorixá Hendrix Ifáomi Silveira, tudo depende da aprovação doProjeto de Lei 114, de 2005, de autoria do Senador e Bispo da Igreja Universal do Reino de Marcelo Crivella. Se aprovada, a proposta abre precedentes para que Pais e Mães de Santo tornem-se teólogos. Para tanto, basta que o sacerdote comprove atuação e conhecimentos na Religião. Dessa forma, uma das ideias defendidas é a participação no curso de capacitação oferecido pela ATRAI (http://atraibr.org/cursos/).



O debate foi conduzido pelo professor Jayro Pereira, Teólogo da Religião de Matriz Africana e Afro-Brasileira. Ele enfatiza que Teologia não é uma área do conhecimento de exclusividade católica. “Nós todos da Religião Afro somos teólogos”, afirma. Entretanto, pondera, falta aos sacerdotes a consciência sobre a importância desse reconhecimento formal e por isso está mobilizando comunidades de religiosos do Brasil inteiro para esta discussão. Na opinião do professor, não há dúvidas de que o Projeto de Lei será aprovado, mais cedo ou mais tarde, e defende que sacerdotes e sacerdotisas tenham um mínimo de preparo para exercer os seus direitos.



Hendrix, ao enfatizar a riqueza dos ensinamentos repassados de forma oral de Pais para Filhos de Santo, afirma também que o estudo calcado em uma metodologia acadêmica irá agregar valor à Religião, a partir do “conhecimento sobre a prática. Muitos Religiosos praticam sem saber o porquê, repetindo o que lhes foi ensinado”, diz. Para ele, trata-se de entender as razões que estão por trás dos rituais da Religião. Além disso, ressalta, é uma maneira de combater o preconceito.



Outro assunto em pauta refere-se à regulamentação, pelo Ministério da Educação e Cultura – MEC, sobre os cursos de graduação em Teologia. A fim de respeitar a liberdade religiosa, que está prevista na Constituição Brasileira, o MEC adotou a postura de não interferir no conteúdo ensinado nos cursos de Teologia. Entretanto, essa posição vem abrindo precedentes para que instituições fomentem a intolerância religiosa, o que levou o Ministério a discutir a construção de uma grade curricular baseada em sete eixos. A idéia é que os estudantes de Teologia, embora tenham o seu credo, tenham uma formação ampla, que inclui o respeito a outras práticas religiosas.




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